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A Psicanálise É Feminina
Dra. Márcia Mendonça de Jorge – Psicanalista da Clínica Anima
As mulheres sempre tiveram um papel importante na vida e na obra de Freud, na psicanálise freudiana, não apenas como pacientes e também como sujeitos que apresentavam tramas complexas de questões psíquicas que desafiaram o criador da psicanálise desde sempre. Bertha Pappenheim (a famosa Anna O., paciente de Breuer), Anna von Lieben (Cäcilie M.), Fanny Moser (Emmy von N.), Ida Bauer (Dora), Margarethe Csonka (“a jovem homossexual”), dentre outras tantas mulheres, foram as pacientes de Freud, a partir das análises que ele estudou e pesquisou durante toda a sua vida de médico neurologista e psicanalista e construiu o arcabouço teórico da Psicanálise.
No final do século XIX e início do século XX, a participação das mulheres na vida profissional e pública na Europa era ainda incipiente, sendo bastante raras as mulheres na carreira médica, carreira na qual a maioria dos psicanalistas eram formados, desde o seu início. Freud colocou-se totalmente a favor das mulheres se inserirem na prática psicanalítica. Margarete Hilferding foi a primeira representante feminina a participar do círculo psicanalítico, em abril de 1910, e lembramos que apenas 10 anos antes, a Universidade de Viena não admitia mulheres.
Contudo, por volta de 1920, o movimento psicanalítico seria fortemente marcado pela presença de mulheres, superando qualquer outra profissão, o que era bastante incomum em naquela época. Isso se devia a crescente modernização da cultura, com a participação das mulheres nas diversas atividades da vida urbana, para além do mundo familiar e materno, como também do incentivo de Freud à atividade profissional e à independência social das mulheres.
Fontes:
Freud e a emancipação das mulheres, de Gilson Iannini
Corpos e sujeitos, de Suely Aires
Lacan não sem o feminismo, de Rafael Kalaf Cossi